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21 DE MARÇO – DIA INTERNACIONAL DE LUTA PELA ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL

publicado: 21/03/2022 16h01, última modificação: 21/03/2022 16h05

Há exatos 62 anos, no dia 21 de março de 1960, a África do Sul ainda vivia sob o regime do Apartheid, instituído legalmente em 1948 e que durou até 1994. Este regime dividia a população daquele país em grupos raciais e segregava as áreas residenciais, a saúde, a educação e muitos outros serviços públicos, de modo que a minoria branca que estava no poder se beneficiava de privilégios, enquanto as pessoas negras tinham seus direitos cerceados.

É óbvio que havia resistência e protestos contra essas ações, foi exatamente o que aconteceu no fatídico 21 de março de 1960, cerca de 20.000 pessoas protestavam pacificamente contra a Lei do Passe, que era uma lei que obrigava que a população negra portasse um cartão que informava os locais que lhe era permitido circular. O resultado desse protesto, infelizmente, não foi o fim da Lei do Passe, mas um verdadeiro massacre que ficou conhecido como o Massacre de Sharpeville, que era um bairro negro nos arredores da cidade de Johanesburgo, no qual a polícia do regime do apartheid recebeu a multidão desarmada com tiros e bombas, matando 69 pessoas e ferindo outras 186.

Em 21 de março de 1969, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial em memória ao Massacre de Sharpeville. Desse modo, a data passa a figurar como um importante marco dentro da agenda de lutas pela promoção da igualdade racial.

Há seis anos, um grupo de ativistas ligados às universidades, escolas públicas e diversos coletivos do Rio de Janeiro, criaram uma agenda de 21 dias de ativismo contra o racismo, cujo objetivo é sistematizar atividades construídas de forma autônoma, bem como ações e discussões em todo o Rio de Janeiro, no intuito de celebrar as conquistas dessas lutas nos últimos tempos, como também ampliar as discussões acerca do que ainda se precisa avançar. Com o passar dos anos, a agenda foi incorporando outros estados e até mesmo outros países, evidenciando as lutas contra a opressão e o racismo, conforme se pode acompanhar em suas redes sociais: https://www.facebook.com/21diasdeativismo no Facebook, https://www.instagram.com/21diasdeativismocontraoracismo/ no Instagram, ou ainda no https://www.youtube.com/channel/UCi_c2WHmNyayWq-LVBqBSow no YouTube.

O Laboratório de Pedagogia (LABOPED) do Centro de Ciências Aplicadas e Educação da UFPB (CCAE | UFPB) também integrou a agenda desse ano. No último dia 17 de março, a professora Michele Guerreiro, coordenadora do LABOPED, ministrou a palestra intitulada: Praticantes, Enfrentantes e Aprendentes: quem é quem nas tensas relações raciais?

Na palestra, a professora discorreu sobre a matriz colonial do racismo, mostrando como a invenção da ideia de “raça” normalizou o racismo. Em seguida, abordou, como em uma sociedade estruturalmente racista as pessoas aprendem a também ser racistas. Nesse ponto, tratou do importante papel da educação das relações étnico-raciais para transformar “praticantes e enfrentantes do racismo” em “aprendentes de relações raciais outras”, não mais hierarquizadas, mas horizontalizadas. Para concluir, tomou a máxima de Angela Davis que nos diz que “em uma sociedade racista não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”, para apontar iniciativas que qualquer uma(um) de nós podemos tomar para adotarmos uma postura antirracista.

Hoje, é um dia de luta. É um dia para refletirmos sobre as tensas relações raciais que vigoram em nossa sociedade para que possamos ser mais uma(um) ativista contra o racismo, pois esse mal não se acaba por decreto, mas por ações concretas.

Profa. Dra. Michele Guerreiro Ferreira 

DED | CCAE | UFPB - Campus IV

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