Pesquisa do CCAE analisa modelo de aprendizagem do povo Potiguara

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Pesquisadores do Campus IV da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) vêm desenvolvendo, há mais de uma década, um trabalho dedicado à compreensão das práticas educativas do povo Potiguara, no litoral norte da Paraíba. O estudo, coordenado pelo professor Paulo Palhano, revela a riqueza e a singularidade da chamada “pedagogia da existência e das tradições”, uma forma de ensinar e aprender que nasce da experiência vivida, do pertencimento e da relação profunda com o território.

A pesquisa, de natureza etnográfica, tem sido realizada desde 2009 em escolas indígenas potiguaras. O grupo observa o cotidiano das aldeias, as práticas de ensino, os rituais e as formas comunitárias de transmissão dos saberes. Segundo os resultados, o aprendizado entre os Potiguaras vai muito além da sala de aula — ele se constrói na convivência, na relação com a terra e na escuta dos mais velhos.

Professor Paulo Palhano – CCAE/UFPB

“Quando o projeto começou, percebemos que nosso curso de Pedagogia recebia estudantes indígenas, e nós, professores-pesquisadores, precisávamos compreender o ambiente originário desses educandos universitários”, explica o professor Paulo Palhano, ao comentar a motivação inicial da pesquisa.

Diferente da pedagogia tradicional, que organiza o conhecimento de forma hierarquizada e baseada na repetição e na avaliação formal, a pedagogia da existência propõe o aprendizado como vivência, transformando o ensino em um processo coletivo de construção de sentido.

“Verificou-se que a escola indígena Potiguara possui vida social e cultural intensa, plural e complexa, pois educadores e educandos compartilham conhecimentos em uma verdadeira polifonia de vozes e práticas. Nesse espaço, os saberes são gerados no corpo da escola e ganham com a participação dos anciões, que trazem e compartilham saberes ancestrais”, acrescenta o pesquisador.

O projeto segue em andamento e prevê novas incursões etnográficas em 2026, aprofundando a análise das práticas educacionais indígenas e contribuindo para fortalecer a compreensão da educação como expressão viva das culturas e territórios.

Fotos: Angélica Gouveia

Texto: Ascom