Galeria Arandu celebra um ano de atividades com inauguração da exposição “Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba: Fotografia, Memória e Resistência”

A Galeria Arandu, localizada no Campus IV da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Rio Tinto, inaugurou na última quarta-feira, 26 de novembro de 2025, a exposição “Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba: Fotografia, Memória e Resistência”. A abertura integrou as comemorações pelo primeiro ano de funcionamento da galeria, marcado por intensa produção pedagógica, cultural e extensionista.
A mostra permanece aberta para visitação até março de 2026.


Um ano de Galeria Arandu
Ao completar seu primeiro ano, a Galeria Arandu celebra a realização de sete exposições, todas pautadas pela difusão responsável de visualidades etnográficas e pelo fortalecimento de práticas curatoriais colaborativas. O espaço se consolidou como um ambiente de diálogo intercultural, onde imagens, memórias e narrativas multimodais ganham novos sentidos por meio de processos coletivos de criação.
Segundo o coordenador da galeria, Yuri Rapkiewicz, o êxito do projeto é resultado direto de uma rede de trabalho integrada:
“A Galeria Arandu completou um ano de intensas atividades pedagógicas e culturais que só foram possíveis mediante o comprometimento de uma equipe extensionista que acredita na ideia, coloca a mão na massa e participa dos processos de curadoria compartilhada, montagem de exposições e contato direto com os diferentes expositores e públicos visitantes. O suporte institucional também foi decisivo para o sucesso da iniciativa, envolvendo inúmeros docentes, técnicos e terceirizados parceiros.”


Abertura reúne famílias atingidas por barragens e lideranças do MAB
A inauguração contou com a presença de 34 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba (MAB/PB), incluindo seu coordenador, Osvaldo Bernardo, que destacou a força simbólica e emocional do encontro:
“Foi um momento muito importante na vida das famílias atingidas pela construção da barragem de Acauã-PB, organizadas no MAB. Um momento histórico, onde as famílias tiveram de rever suas histórias de vida, cultura, economia e território através das imagens fotográficas do excelente projeto de memória da UFPB. As famílias saíram muito mais motivadas, dispostas pra lutar, após ver sua história através das fotografias.”
A programação contou ainda com coquetel de abertura e a exibição do documentário “Margarida, Sempre Viva” (1983), de Cláudio Barroso, obra que dialoga com os temas da memória, resistência e direitos humanos.


Sobre a exposição
A exposição apresenta registros fotográficos que documentam as violências enfrentadas por comunidades ribeirinhas atingidas pela construção da Barragem de Acauã, edificada entre 1999 e 2002, que desalojou aproximadamente 900 famílias, impactando direta e indiretamente cerca de 5 mil pessoas.
As imagens evidenciam:
- os processos de desterritorialização;
- violações de direitos humanos;
- a luta organizada das famílias;
- e a força coletiva expressa na memória e na resistência.
O MAB/PB surge como resposta ao cenário de violação, articulando reivindicações de compensação e visibilidade dos impactos socioambientais. A mostra também evidencia o gesto simbólico e político de resistência das famílias, representado pelo plantio e colheita do algodão na terra conquistada.


Curadoria;
- Lara Amorim (PPGA/UFPB)
- Bernardo Américo (PPGA/UFPB)
- Rafaella Sualdini (PPGA/UFPB)
- Osvaldo Bernardo (MAB-PB)
- Yuri Rapkiewicz (PPGA/UFPB)
O coordenador da Galeria e curador da exposição, Bernardo Tavares, destaca que a mostra materializa um gesto de restituição para as famílias atingidas, fortalecendo vínculos entre pesquisa, extensão e compromisso social. De modo que o trabalho apresentado é fruto de anos de pesquisa, iniciado em um projeto de extensão que culminou na elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Antropologia (CCAE/UFPB) e atualmente é aprofundado no mestrado em Antropologia (CCHLA/UFPB).
A exposição resulta de uma parceria sólida entre a UFPB e o MAB, com curadoria compartilhada entre pesquisadores, famílias atingidas e lideranças do movimento.
Agradecimentos
A organização agradece:
à equipe da Galeria Arandu, e aos participantes da montagem: Antonio Francisco da Silva Nelo, Cailane Alves Novaes, Gabriel de Oliveira Ferreira, Gabriel de Lima Maia, Glauco Machado, Rakel Carvalho Bento, Sara Diná Moura Paulino Rocha e Taynara Martins Galvāo Maia. Aos docentes, técnicos e colaboradores envolvidos, e principalmente aos integrantes do MAB/PB, que compartilham suas histórias e fortalecem a construção de uma memória coletiva viva.
Fotos: divulgação
texto: Ascom com informações de Yuri Rapkiewicz
