Galeria Arandu celebra um ano de atividades com inauguração da exposição “Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba: Fotografia, Memória e Resistência”

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

A Galeria Arandu, localizada no Campus IV da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Rio Tinto, inaugurou na última quarta-feira, 26 de novembro de 2025, a exposição “Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba: Fotografia, Memória e Resistência”. A abertura integrou as comemorações pelo primeiro ano de funcionamento da galeria, marcado por intensa produção pedagógica, cultural e extensionista.

A mostra permanece aberta para visitação até março de 2026.

Um ano de Galeria Arandu

Ao completar seu primeiro ano, a Galeria Arandu celebra a realização de sete exposições, todas pautadas pela difusão responsável de visualidades etnográficas e pelo fortalecimento de práticas curatoriais colaborativas. O espaço se consolidou como um ambiente de diálogo intercultural, onde imagens, memórias e narrativas multimodais ganham novos sentidos por meio de processos coletivos de criação.

Segundo o coordenador da galeria, Yuri Rapkiewicz, o êxito do projeto é resultado direto de uma rede de trabalho integrada:

“A Galeria Arandu completou um ano de intensas atividades pedagógicas e culturais que só foram possíveis mediante o comprometimento de uma equipe extensionista que acredita na ideia, coloca a mão na massa e participa dos processos de curadoria compartilhada, montagem de exposições e contato direto com os diferentes expositores e públicos visitantes. O suporte institucional também foi decisivo para o sucesso da iniciativa, envolvendo inúmeros docentes, técnicos e terceirizados parceiros.”

Abertura reúne famílias atingidas por barragens e lideranças do MAB

A inauguração contou com a presença de 34 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba (MAB/PB), incluindo seu coordenador, Osvaldo Bernardo, que destacou a força simbólica e emocional do encontro:

“Foi um momento muito importante na vida das famílias atingidas pela construção da barragem de Acauã-PB, organizadas no MAB. Um momento histórico, onde as famílias tiveram de rever suas histórias de vida, cultura, economia e território através das imagens fotográficas do excelente projeto de memória da UFPB. As famílias saíram muito mais motivadas, dispostas pra lutar, após ver sua história através das fotografias.”

A programação contou ainda com coquetel de abertura e a exibição do documentário “Margarida, Sempre Viva” (1983), de Cláudio Barroso, obra que dialoga com os temas da memória, resistência e direitos humanos.

Sobre a exposição

A exposição apresenta registros fotográficos que documentam as violências enfrentadas por comunidades ribeirinhas atingidas pela construção da Barragem de Acauã, edificada entre 1999 e 2002, que desalojou aproximadamente 900 famílias, impactando direta e indiretamente cerca de 5 mil pessoas.

As imagens evidenciam:

  • os processos de desterritorialização;
  • violações de direitos humanos;
  • a luta organizada das famílias;
  • e a força coletiva expressa na memória e na resistência.

O MAB/PB surge como resposta ao cenário de violação, articulando reivindicações de compensação e visibilidade dos impactos socioambientais. A mostra também evidencia o gesto simbólico e político de resistência das famílias, representado pelo plantio e colheita do algodão na terra conquistada.

Curadoria;

  • Lara Amorim (PPGA/UFPB)
  • Bernardo Américo (PPGA/UFPB)
  • Rafaella Sualdini (PPGA/UFPB)
  • Osvaldo Bernardo (MAB-PB)
  • Yuri Rapkiewicz (PPGA/UFPB)

O coordenador da Galeria e curador da exposição, Bernardo Tavares, destaca que a mostra materializa um gesto de restituição para as famílias atingidas, fortalecendo vínculos entre pesquisa, extensão e compromisso social. De modo que o trabalho apresentado é fruto de anos de pesquisa, iniciado em um projeto de extensão que culminou na elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Antropologia (CCAE/UFPB) e atualmente é aprofundado no mestrado em Antropologia (CCHLA/UFPB).

A exposição resulta de uma parceria sólida entre a UFPB e o MAB, com curadoria compartilhada entre pesquisadores, famílias atingidas e lideranças do movimento.

Agradecimentos

A organização agradece:

à equipe da Galeria Arandu, e aos participantes da montagem: Antonio Francisco da Silva Nelo, Cailane Alves Novaes, Gabriel de Oliveira Ferreira, Gabriel de Lima Maia, Glauco Machado, Rakel Carvalho Bento, Sara Diná Moura Paulino Rocha e Taynara Martins Galvāo Maia. Aos docentes, técnicos e colaboradores envolvidos, e principalmente aos integrantes do MAB/PB, que compartilham suas histórias e fortalecem a construção de uma memória coletiva viva.

Fotos: divulgação

texto: Ascom com informações de Yuri Rapkiewicz